A Circuncisão de Jesus e o Sacramento do Batismo. Clique para entender!
Considera o Pai Eterno, que, tendo enviado seu Filho a fim de padecer e de morrer por nós;
Quer que no dia de hoje seja circuncidado e comece a derramar o seu sangue divino, para depois acabar de derramá-lo no dia da sua morte na cruz num, oceano de dores e desprezos.
E porque? A fim de que esse Filho inocente pague assim as penas por nós merecidas.
É, pois, com razão que a Igreja canta: Ó bondade admirável da misericórdia divina para conosco! Ó inestimável amor de compaixão! A fim de remires o homem entregaste teu Filho à morte!
Ó Deus eterno, quem seria capaz de fazer-nos esse dom infinito, senão Vós que sois a bondade infinita? E se, com o dom do vosso Filho, me destes o que mais caro possuíeis, justo é que eu miserável me dê todo a Vós.
Considera por outro lado o divino Filho, que, todo humilde e cheio de amor para conosco, abraça a morte amargosa, que lhe está destinada, para nos salvar, a nós pecadores, da morte eterna.
De boa vontade começa hoje a satisfazer por nós à divina justiça, com o preço do seu sangue.
Nosso Senhor disse:
“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a própria vida por seus amigos.”
O amor, porém, de Jesus Menino foi muito além, porquanto, assim como diz São Paulo, Ele chegou a sacrificar a vida por nós, seus inimigos:
“Sendo inimigos de Deus, fomos com Ele reconciliados pela morte de seu Filho”
Portanto, ó meu Jesus, é por meu amor que aceitastes a morte; e que farei eu?
Continuarei porventura a ofender-Vos com os meus pecados?
Não, Redentor meu, não mais quero ser-Vos ingrato; hoje quero com todas as forças começar a amar-Vos de todo o meu coração.
Vós, porém, ó Deus todo-poderoso, concedei-me a graça para Vos ser fiel.
A Circuncisão e o Batismo
A cerimônia da circuncisão, no dizer dos Santos Padres, prefigurava o sacramento do batismo.
É portanto bem a propósito considerarmos que Jesus Menino, quando se sujeitou à circuncisão, pensava em cada um de nós.
Oferecendo então a Deus Pai as primícias do seu sangue, começou a merecer-nos a graça de sermos regenerados na fonte batismal.
Oh, que dom inapreciável é o do santo batismo!
Por meio d’Ele as nossas almas deixaram de ser escravas do demônio, condenadas ao inferno, e se tornaram filhas escolhidas de Deus e herdeiras ditosas do reino dos céus.
Mas, como é que nós temos respondido a tão grande favor?
Lancemos a vista sobre a nossa consciência e vejamos se jamais temos manchado a vestimenta branca da inocência, e prostrando-nos aos pés de Jesus Cristo renovemos os nossos votos do batismo.
Para que depois os guardemos fielmente, consideremos cada dia que termina, como se fosse o último da nossa vida.
E, com efeito, meu irmão, quem sabe se ainda vereis o fim do ano que hoje começa?
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 105-108)
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