Será que podemos ser Santos como foram os Santos?
Na Solenidade de Todos os Santos, a Igreja celebra a memória daqueles que, voltados inteiramente para o Senhor, deixaram família, bens e pertences para unir-se intimamente com o Pai Celeste.
É uma forma de recordar na memória do fiel que, sim, a santidade é possível e permanece sempre nova, sempre atual. Operando na caridade e na graça de Deus, cada cristão pode fazer de sua vida uma auto-estrada para o céu.
São as bem-aventuranças suaves e tão belas que Jesus Cristo preconiza e aponta o segredo da santidade, que a legião de Santos soube realizar tão admiravelmente.
O cumprimento dos mandamentos da lei de Deus, faz o bom cristão. A fidelidade aos conselhos evangélicos faz o homem perfeito. A prática das bem aventuranças faz o santo.
Levantando os olhos para o céu, vemos na glória esta legião imensa, incalculável de Santos de todas as condições, idades, países, homens, mulheres, jovens e crianças.
Ora, lembremo-nos, de que, o que eles puderam fazer, nós também somos capazes de fazê-lo. Meditemos, pois, hoje:
I – Que os Santos eram o que nós somos;
II – Que nós podemos ser o que eles são;
Eles eram o que nós somos?
Lendo a vida dos Santos ficamos admirados da coragem e da generosidade deles, em extirparem os seus defeitos, em praticarem virtudes heróicas, em empreenderem obras que parecem ultrapassar as forças humanas.
Ficamos admirados, e uma voz parece sussurrar aos nossos ouvidos: É belo, é admirável, mas isto é só para eles porque eram almas privilegiadas, eleitas para isso.
A nossa indolência inata, deleita-se com tais pensamentos que têm o condão de atrofiar as nossas energias latentes e fazer acreditar que os Santos não são homens como nós.
É um erro e uma tentação do demônio; tal voz não é a de Deus mas a do demônio. A verdade é que Deus chama todos os homens à santidade. É uma lei universal.
Ora, é Deus chamando para um ideal, dá as graças necessárias para realizá-lo, porém, a graça não realiza a obra, mas nos ajuda a realizá-la. Deus não pode salvar-nos sem nós; nem santificar-nos sem a nossa cooperação
Uma verdade fundamental que sempre devemos ter diante dos olhos, é que sem Deus nada podemos e que com Ele tudo nos é possível, no dizer de São Paulo. (Fil. IV. 13).
Eis o segredo dos Santos, a fonte da sua força. Deus é Pai de todos, e não tem amizade particular com ninguém, senão com os pequeninos e com os humildes.
O santo mais elevado é necessariamente o mais humilde e a criatura mais santa que o mundo já viu é Aquela que sendo escolhida para ser a Mãe de Deus, proclamou-se a escrava do Senhor.
Os Santos foram o que nós somos, mas além disso, eram convencidos do seu nada. Esta completa, desconfiança de si encheu-os de uma confiança completa em Deus.
Podemos ser o que eles são?
Não basta admirar a glória dos Santos, nem considerar o que alguns eram antes da sua conversão.
Uns foram preservados do mal, e tiveram a felicidade de atravessarem em vôo rápido, o lamaçal deste mundo, sem macular as asas; outros, e é a maior parte, tiveram que lutar e vencer na arena habitual da vida, enquanto outros’ surgiram do fundo do mal.
Reabilitaram-se pela penitência e voaram até Deus pela oração. Há entre eles Santos de todas as idades, nações, posições: crianças, jovens e velhos, todos eles souberam conquistar a coroa da glória: por que nós não o poderíamos?
Somos da mesma natureza que eles; temos em nós as mesmas inclinações, e em nossa frente os mesmos inimigos a vencer. Eles os venceram, logo nós o podemos também.
Qual é o caminho a seguir para atingir este ideal? Encontramo-lo a cada passo no Evangelho, mas temo-lo diante de nós, no Evangelho de hoje, com uma lucidez deslumbrante, e uma precisão que não deixa dúvida.
O mundo tem o seu código de Bem Aventuranças mundanas. Encontra este código em todos os jornais e em todas as bocas anti-cristãs. Tal é a filosofia da carne e do orgulho é o código dos mundanos sem fé.
Diante deste código da lama e do gozo. Jesus Cristo devia também proclamar o seu código, as suas bem-aventuranças.
O demônio mostra o caminho da perversão; Jesus Cristo devia opor-lhe o caminho da salvação.
O Rei da eternidade proclamou as dEle. E, sendo o reino de Jesus Cristo a oposição ao reino do mundo, pode se prever que a sua proclamação será diametralmente oposta à do mundo.
Vemos claramente que os santos, durante a sua vida mortal, eram o que nós somos; e que nós podemos tornar-nos o que eles são.
Tenhamos a coragem de penetrar no âmago da nossa alma, e ali pegar ao vivo, e apalpar com sinceridade as nossas disposições habituais.
Somos filhos de santos; devemos, pois, imitar aqueles que nos precederam, e mostrar pela nossa vida que não somos filhos degenerados . Apontando-nos estas legiões de Santos que hoje festejamos, Deus repete a cada um de nós: “Seja Santo como Eu sou Santo“
Fonte: Pe Julio Ma de Lombaerde, O Evangelho das Festas Litúrgicas
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