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Em seu comentário ao Evangelho de São Mateus, Santo Tomás de Aquino chama a atenção para o número das chaves que são dadas a Pedro.
Note-se que o próprio brasão pontifício é retratado com duas chaves, uma de prata e outra de ouro.
Além disso, o doutor comum recorda que também o colégio episcopal possui, de algum modo, o poder das chaves;
Uma vez que, antes da ascensão, Jesus concedeu aos Apóstolos a autoridade para batizar e perdoar os pecados.
A partir desse ponto de vista, é interessante perceber o duplo dever da Igreja para com os fiéis.
Essas duas chaves são, em primeiro lugar, a Sagrada Escritura;
Por meio da qual os homens são instados a mudar de vida;
E, depois, os sacramentos;
Com os quais Jesus renova a natureza humana, tornando-a parte de seu sagrado Corpo Místico.
Os sacerdotes, neste sentido, têm o dever de exercer esses dois poderes para o bem comum dos homens.
Jesus já abriu as portas do Reino dos Céus.
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Mas deixou sob a responsabilidade de seus administradores a condução do povo até a travessia destas mesmas portas.
Os sacerdotes, com a Escritura e os sacramentos, devem desatar os nós do pecado para que as pessoas possam caminhar livremente até o Céu.
No uso da primeira chave, os sacerdotes precisam saber que a Escritura pertence inteiramente a Jesus.
O chamado Direito Canônico existe justamente para prevenir os pregadores contra a tentação de anunciar ideias próprias e projetos pessoais;
Trocando, assim, os tesouros do Evangelho por trinta moedas de prata.
Como ensinou Bento XVI durante o Ano Sacerdotal;
“Deus é a única riqueza que, de modo definitivo, os homens desejam encontrar num sacerdote”.
Isso significa que:
“A missão é ‘eclesial’, porque ninguém se anuncia nem se leva a si mesmo mas, dentro e através da própria humanidade;
Cada sacerdote deve estar bem consciente de levar Outro, o próprio Deus, ao mundo”.
A segunda chave é a dos sacramentos, pelos quais o homem é ontologicamente transformado em nova criatura.
Mas, embora eles atuem ex opere operato — ou seja, como dons gratuitos de Deus — sobre quem os recebe;
Os sacramentos serão mais eficazes se a pessoa estiver aberta a acolhê-los e disposta a viver segundo aquela graça.
Por isso a primeira e a segunda chave estão intimamente ligadas.
Não é mágica o que os sacerdotes católicos realizam na administração dos sacramentos.
Ao contrário, a Escritura precisa ser persistentemente ensinada, a fim de que os fiéis a assimilem e permitam que Deus os regenere do pecado.
Jesus preparou a segunda chave na cruz, para que as pessoas, de graça em graça, de fé em fé, chegassem à realidade do Céu.
A primeira chave, por outro lado, foi utilizada durante seus três anos de vida pública, pelo que São Pedro acreditou e acolheu a luz sobrenatural em seu coração.
Do mesmo modo, os sacerdotes de hoje devem usar o poder dessas chaves para fazer surgir a fé dentro dos corações;
Como condição para a eficácia dos sacramentos, sobretudo da Confissão e da Eucaristia;
Porque é se confessando e comungando frequentemente que os cristãos podem entrar no Reino dos Céus.
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Fonte: padrepauloricardo.org
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