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A saudação que o Arcanjo Gabriel dirigiu à Virgem Santíssima ecoa ao longo dos séculos.
É a oração mais repetida pelos lábios dos católicos;
Por conta da oração do Rosário, mais do que o próprio “Pai nosso”!
Apesar de sua forma, tal como a conhecemos hoje, ser relativamente recente.
A primeira parte da oração, como se sabe, foi tirada das Sagradas Escrituras.
Foi composta, portanto, pelo próprio Deus, tendo saído da boca de São Gabriel –
“Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo” – e de Santa Isabel – “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”.
As duas frases compõem um louvor à Virgem Maria e, ao mesmo tempo, uma profissão de fé nos mistérios relacionados à sua vida.
Era rezada desde os primórdios na liturgia bizantina e foi adicionada à liturgia latina por São Gregório Magno, que a manteve como antífona do ofertório.
“Bendito é o fruto do teu ventre”: Isabel contrapõe Maria a Eva.
Enquanto esta quis tomar para si o fruto da árvore, aquela entrega o fruto do seu ventre.
O seu louvor prossegue:
“Como mereço que a mãe do meu Senhor venha me visitar?”
O Papa Bento XVI comenta que:
“É o Espírito Santo que abre os olhos de Isabel e que a leva a reconhecer em Maria a verdadeira arca da aliança, a Mãe de Deus, que vem para a visitar”.
A segunda parte da oração, bem posterior, é uma súplica dos fiéis;
Que durante muito tempo foi rezada na oração litúrgica das Completas, pedindo à Santíssima Virgem proteção na hora da morte.
Foi no século XVI que o santo Papa Pio V “bateu o martelo”;
E definiu o texto da oração tal como é conhecida hoje, já com o acréscimo dos nomes de Jesus e Maria.
A “Ave Maria” está muito ligada à história da Ordem dos frades dominicanos.
São Pio V, por exemplo, era dominicano.
Ainda, de acordo com a Tradição da Igreja, o Santo Rosário – ou “Saltério Mariano”, como era chamado;
Teria sido entregue a São Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos Pregadores.
Enfim, o texto que guia a meditação desta aula foi escrito por Santo Tomás de Aquino, que também era frade dominicano.
Em seu comentário à saudação angélica, o Aquinate recorda que:
“Na antiguidade, a aparição dos Anjos aos homens era um acontecimento de grande importância;
E os homens sentiam-se extremamente honrados em poder testemunhar sua veneração aos Anjos.
(…) Mas um Anjo se inclinar diante de uma criatura humana;
Nunca se tinha ouvido dizer antes que o Anjo tivesse saudado à Santíssima Virgem, reverenciando-a e dizendo: ‘Ave’.”.
Explicando que, por sua natureza espiritual, familiaridade com Deus e plenitude de graças, os anjos são superiores aos homens;
O Doutor Angélico escreve que:
“Não convinha ao Anjo inclinar-se diante do homem;
Até o dia em que apareceu uma criatura humana que sobrepujava os Anjos por sua plenitude de graças, por sua familiaridade com Deus e por sua dignidade.
Esta criatura humana foi a bem-aventurada Virgem Maria.
Para reconhecer esta superioridade, o Anjo lhe testemunhou sua veneração por esta palavra: ‘Ave’.”.
Mas, ainda que fosse grandiosa, ensina São Luís de Montfort, retomando uma Tradição dos Santos Padres, que Jesus;
“Quis humilhá-la e escondê-la durante a vida para favorecer a sua humildade”;
A qual “foi tão profunda, que [Ela] não teve na Terra atrativo mais poderoso nem mais contínuo que;
O de se esconder de si mesma e de toda criatura, para que só Deus a conhecesse”.
Se, todavia, os próprios anjos do Céu a saúdam, quanto mais nós, humanos, não devemos saudá-la!
Na liturgia, por exemplo, existe a bela tradição de inclinar-se diante do santíssimo nome de Maria;
Cuja celebração, a propósito, é no próximo dia 12 de setembro.
Não se sabe exatamente qual a origem etimológica do nome Maria.
Santo Tomás mesmo dá três significados diferentes ao nome da Mãe de Deus:
“Iluminada interiormente”, “soberana” e “estrela do mar”.
É certo, porém, que, ao invés do significado do nome honrá-la, foi ela, com a sua vida de graça e virtudes, que tornou o seu nome honroso.
Quanto à dificuldade que os protestantes têm com a oração da “Ave Maria”;
É importante lembrar que, embora a sua forma tenha evoluído até o século XVI, a sua essência é apostólica.
Os primeiros cristãos já veneravam a Virgem Maria com a saudação angélica.
Na Basílica da Anunciação, em Nazaré, há um grafite do século III, na base de uma coluna, com as palavras do anjo:
Ave Maria.
Ainda mais cedo, no século II, foi composta a famosa oração Sub tuum praesidium;
Na qual os cristãos invocavam o refúgio da “Virgem gloriosa e bendita” e “santa Mãe de Deus”.
Se é verdade, portanto, que o texto da oração angélica levou tempo para evoluir;
A atitude filial a Maria é muito antiga por parte dos cristãos, mais antiga que o próprio Cânon do Novo Testamento.
Não deixa de ser incoerente a atitude de quem, reconhecendo inspirados os 27 livros escolhidos pelos bispos da Igreja Católica;
Rejeita, no entanto, a devoção à Virgem Maria, que é muito mais primitiva que a própria Bíblia.
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Fonte: padrepauloricardo.org
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