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Um camponês, plantador de trigo, tinha o coração duro, e não dava esmolas.
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Foi-se confessar uma vez, e o confessor deu-lhe por penitência rezar sete vezes o Padre Nosso.
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“Não o sei, e nunca o pude aprender, respondeu o aldeão.”
“Pois nesse caso, tornou o confessor, imponho-te, por penitência, dar de graça um pacote de trigo a todas as pessoas que lhe forem pedir, da minha parte.”
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No dia seguinte de manhã apresentou-se o primeiro pobre.
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“Como te chamas?” perguntou-lhe o camponês.
“Padre – Nosso – Que – Estais – No – Céu”, respondeu o pobre.
“E o teu sobrenome?”
“Seja – Santificado – O – Vosso – Nome.”
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E o pobre foi-se embora com o seu pacote de trigo.
Ao outro dia veio segundo pobre.
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“Como te chamas?
“Venha – A – Nós – O – Vosso – Reino.”
“E o teu sobrenome?”
“Seja – Feita – A – Vossa – Vontade.”
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E partiu com o seu pacote de trigo.
Veio terceiro pobre.
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“Como te chamas?”
“Assim – Na – Terra – Como – No – Céu.”
“E o teu sobrenome?”
“Dai-nos – Hoje – O – Pão – Nosso – De – Cada – Dia.”
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E levou o seu pacote de trigo.
Vieram ainda dois pobres, sucessivamente, e passou-se tudo da mesma forma até chegar ao Amem.
Pouco tempo depois o confessor encontrou o camponês.
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“Então, já sabes o Padre Nosso?”
“Não, sr. padre, sei só os nomes e sobrenomes dos pobres a quem, por sua recomendação, fiz doação de um pacote do meu trigo.”
“Quais são?” tornou o padre.
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E o camponês enumerou-lhos a seguir, na ordem pela qual cada “pobre” se tinha apresentado.
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“Já vês, disse o confessor, que não era muito difícil aprender o Padre Nosso, porque já o sabes perfeitamente…”
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Nota: Este conto evoca exatamente aquelas palavras de Nosso Senhor: “Onde está o seu tesouro, ali estará o seu coração!” Mt 6, 21.
Como o camponês tinha o seu coração posto num bem terreno, não necessitou de nenhum esforço de memória para aprender a oração do Pai Nosso.
Igualmente se fizermos das verdades eternas o tesouro de nosso coração (ou seja, a atenção preponderante de nossos anseios e nossas cogitações) a nossa vida será abençoada e tudo nos será dado por acréscimo.
E em nós se realizará também a promessa do mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo:
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“Serei Eu mesmo a vossa recompensa demasiadamente grande” (Gn 15, I), pois nada pode satisfazer plenamente a criatura humana, a não ser o Criador.
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A maior felicidade consiste em estar inteiramente unido a Deus, ser um filho amado por Ele, sentir-se agradável a Ele. E isto só conseguiremos por meio de uma verdadeira devoção à Santíssima Virgem.
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Fonte: Contos para a infância”, por Guerra Junqueiro – Typographia Universal – Imprensa da Casa Real – Lisboa – 1877.
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