.
Num ambiente social em que os meios de comunicação abordam diariamente o tema da corrupção;
Não é de estranhar que muitos, ao mesmo tempo que sentem ferver-lhes por dentro a indignação ante as notícias;
Repitam sem perceber palavras quase iguais a outras que já foram pronunciadas há perto de dois mil anos:
Graças te dou, ó Deus, porque não sou como os outros homens: ladrões, injustos…
O que talvez eles tenham esquecido é que essas palavras foram colocadas por Cristo na boca de uma figura que apresentou como paradigma da hipocrisia: o fariseu (cf. Lc 18, 11).
Pode ser que o leitor, ao ouvir mencionar esse aspecto, tenha comentado baixinho:
– “Mas pelo menos roubar, eu não roubo”.
Caso tenha feito assim, peço-lhe que não leve a mal uma pergunta:
– Será?…
– Que quer dizer com isso? Insinua por acaso que…
– Não, não desejo insinuar coisa alguma, mas apenas convidá-lo a uma reflexão, que nos pode ser proveitosa a todos nós.
Quando pensamos que “nunca roubamos”, sem dúvida temos em mente a certeza de que jamais nos apropriamos do dinheiro nem de objetos de valor de ninguém;
Não falsificamos cheques nem subtraímos cartões de crédito, não armamos arapucas para apanhar incautos, nem nos dedicamos a viver da trapaça.
.
Quanto a isso, não há nenhuma dúvida.
No entanto, deveríamos cair na conta de que existem bens muito maiores do que as barras de ouro, as mansões e as contas bancárias:
O bom nome, a boa fama, a dignidade.
Todo o ser humano tem o direito de ser respeitado na sua dignidade;
Um bem intocável que lhe pertence porque lhe foi dado, juntamente com a alma feita à imagem de Deus, pelo seu Criador.
Tirar ou manchar injustamente o bom nome é roubar um tesouro muito mais valioso do que os bens materiais.
“Todo o ser humano – dizia ante a Assembléia Geral da ONU João Paulo II – tem uma dignidade que jamais poderá ser diminuída, ferida ou destruída, antes deve ser respeitada e protegida” [NOTA DE RODAPÉ: Discurso, 22-X-1979.].
Será que nunca privamos ninguém, pelo menos parcialmente, deste bem?
Não teremos contribuído com as nossas críticas para sujar injustamente um nome ou enxovalhar uma reputação?
Pois bem, a propósito de ladrões, talvez nos convenha pensar um pouco nesse assaltante engenhoso, insidioso e eficiente que é, não poucas vezes, a língua.
.
.
Fonte: Retirado do livro “A Língua” do Padre Francisco Faus.
.
* * *
.
Inscreva todos os seus pedidos direto no livro de Missas.
Clique na imagem abaixo e veja como é fácil, você poderá pedir por todas as graças e bênçãos que precisar.
.