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A luz da graça que desceu no começo da construção da Cristandade foi se definindo à medida em que ia tomando conta a Civilização Cristã nascente.
E os artistas e o povo iam se enchendo cada vez mais dessa luz.
Por isso se podia dizer de muito católico medieval aquilo que por excelência se diz dos santos: “Ele é luz”.
Poderia se dizer: “A luz se chama fulano”.
A luz penetrava nele e parecia criada só para estar dentro dele.
Exatamente como num belo vitral onde bate um raio de sol: bate tão bem e passa uma luz tão bonita que se diria que o sol existe para enviar aquele raio para aquele vitral.
E quando a luz do sol atravessa o vitral, projeta no chão não sei que rubi, que esmeralda, que safira ou que topázio.
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A impressão é que aquela luz existe para projetar aquela joia no chão.
Ainda por cima, a luz vai andando e transformando cada centímetro do granito do chão sucessivamente em joia.
Até que, a tarefa cumprida, a joia vai se desbotando enquanto o sol vai saindo.
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A gente já não vê a luz no chão, mas vê ainda o vitral e os últimos lampejos do dia que se manifestam naqueles pedaços que formam o vitral que encantou a gente: verde, vermelho, azul, amarelo, sei lá o quê.
“Eu também vou dormir, porque eu tive o meu dia cheio. Eu vi a joia passar pelo granito da Catedral!”
Esses encontros de alma definem a vida do católico, e como que falam para nós mais ou menos o seguinte:
“Você foi feito para isto; isto foi feito para você.
“E de tal maneira você ama isto, que se diria que isto existe para você, que isto é você, ou que você é aquilo.
“E quando você lembra daquilo, tem a impressão de ver aquilo que nem está presente, mas que está presente na sua alma.
“Dessa forma você vê, naquele jogo fugidio de cores, o próprio Deus de um modo mais belo que em qualquer realidade policromada e material que existe por aí”.
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(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, excertos de conferência proferida em 13/10/79. Sem revisão do autor).
Fonte: Blog Catedrais Medievais
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