A Misericórdia é o amor de doação, de quem muito tem para quem falta.
Assim é o Amor de Deus pelos homens.
Santa Terezinha disse ao se referir a Jesus: “Il n’est qu’amour et misericorde” (Ele não é senão amor e misericórdia).
Mas, como tudo o que diz respeito a Deus, há muito mais o que ser compreendido sobre a Sua misericórdia, e é grande o erro em que se cai por mal conhecê-la.
Os homens precisam da misericórdia de Deus pois se encontraram todos separados da Fonte de sua vida, que é seu Criador, por causa do pecado.
Desde a desobediência de Adão e Eva os homens foram privados da Graça de Deus (a participação de Sua Vida divina) e se tornaram completamente indigentes, réus do inferno, por não ter meio de se reconectar a Deus.
Com efeito, o pecado de nossos primeiros pais, pelo qual “entrou o pecado no mundo” (Romanos, 5:12), foi uma revolta contra Deus, uma desobediência gravíssima ao Criador e uma suma ingratidão para com o Benfeitor.
Sendo Deus infinito, a ofensa feita a Ele tem algo de infinito, pois, conforme Santo Tomás: “um pecado cometido contra Deus tem algo de infinito por causa da infinita majestade de Deus.”
Portanto, a ofensa de Adão e as nossas ofensas a Deus exigem uma reparação que satisfaça a infinita justiça divina.
O Plano de Deus Para Salvar os Homens
O projeto de salvação do gênero humano, levado a frente por Deus desde o momento da queda, com a imolação de um cordeiro para cobrir a vergonha da nudez do primeiro casal.
Este já foi prenúncio do Cordeiro perfeito que seria sacrificado para reatar a criatura caída com o Deus criador.
Essa reconciliação foi feita pela Encarnação, Vida, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo em favor dos pobres pecadores.
Assim Deus nos manifestou sua infinita misericórdia.
Jesus Cristo nos deu os meios pelos quais podemos ser salvos da morte.
Estes são dons divinos, pelos quais Jesus Cristo, o próprio Deus, nos limpa de todo o pecado e infunde sua Graça em nossas almas.
Assim ele nos torna participantes de Sua Vida com o Pai e o Espírito Santo.
Estes são os Sacramentos – como o Batismo, a Confissão, a Eucaristia…
Assim sendo, a obra da salvação é o processo de assimilação à Vida de Deus, para sermos como Cristo.
O Chamado do Cristão
“Christianus alter Christus”, o cristão é um outro Cristo.
Tendo esta visão geral da ação de Deus em favor dos homens, poderia se esperar que houvesse um movimento geral no mundo para corresponder com arrependimento a esse apelo de misericórdia.
Mas nestes nossos dias vemos o contrário:
Há muitos que falam de amor mas não de conversão, dizem que Jesus já não se importa com o pecado, que todos, mesmo os pecadores impenitentes, serão salvos no final.
Isto não é a mensagem do Evangelho, Jesus Cristo mesmo disse :
“Quem acolheu os meus mandamentos e os observa, esse me ama.” (Jo. 14:21)
“Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” (Mt. 7:21)
É preciso então entender o que pede de nós esse Amor misericordioso, que tanto custou a Nosso Senhor, e como devemos corresponder a Ele para vivermos com Deus eternamente.
Trataremos disso no próximo post, em que falaremos sobre a misericórdia de Deus e Sua Justiça.
Fonte: Instituto Plínio Corrêa de Oliveira
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