Neste dia a Igreja festeja um grande mistério da vida de Nosso Senhor: sua gloriosa Transfiguração no Monte Tabor (ou Hermon).
Origem desta festa
Esse evento, interessantemente, é recordado pela liturgia católica em duas oportunidades: no 2º domingo da quaresma e no dia 6 de agosto.
Foi fixada por ordem do papa Calixto III para festejar e honrar a vitória dos cristãos sobre a invasão islâmica a Belgrado em 1456, cuja notícia chegou a Roma nesta data.
É a festa da beleza de Deus, aquela que responde a todo aquele desejo de beleza que existe em cada homem, aquela que deve inspirar todos aqueles que se sentem atraídos pela causa da arte sacra, todos os artistas cuja tarefa consiste em transfigurar o Real: Jesus Cristo, “o mais belo dos filhos dos homens” (Sl 44,2).
A Transfiguração
Relatam-na os evangelistas, São Mateus, São Marcos e São Lucas, com alguns detalhes de diferença, sendo que São Lucas a apresenta com maiores detalhes.
Os evangelistas narram que Jesus, tomando seus três discípulos favoritos, sobe um alto monte e diante deles, enquanto orava, se transfigura de um modo como eles não conheciam.
Eles afirmam que sua face e suas roupas ficaram brancas como a neve ou como nenhuma lavadeira poderia alvejar. Os discípulos também viram Moisés e Elias conversarem com Nosso Senhor.
Pedro, até então medroso, toma a palavra e pede para prolongar aquela experiência, mas é interrompido pela voz do Pai Eterno que sai de uma nuvem: “Este é o meu Filho amado. Escutai-o!” (Mc 9,7).
Um evento extraordinário
A Transfiguração foi a única ocasião que foi dada aos apóstolos São Pedro, São Tiago e São João de terem, durante a vida de Jesus Cristo, um vislumbre do seu esplendor e da glória divina.
Ela foi um acontecimento único, muito forte para os Apóstolos preferidos do Senhor, isso porque Jesus, ao se transfigurar, quis se mostrar como é em sua divindade, não com aquela aparência humana que eles estavam habituados.
O que Jesus nos quer dizer com isso?
Este evento tem um objetivo didático. Jesus Nosso Senhor, antes de realizá-la, havia feito esta exortação aos seus discípulos: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Lc 9,23).
Com ela, Jesus quer dizer a nós que há uma recompensa vitoriosa depois da cruz, assim como ele, que uma vez crucificado, ressuscitou ao terceiro dia.
A glória é prometida também a nós
Isso deve nos animar a levando uma vida cristã coerente: fazendo penitência, renunciando a nós mesmos e sofrendo de bom grado os dissabores do quotidiano, animarmo-nos com o pensamento da glória celeste que nos espera.
Neste nosso combate contra a carne, o mundo e o demônio, alenta-nos e dá-nos força a contemplação das grandezas de Jesus transfigurado.
Se formos fiéis e se levarmos valorosamente a nossa cruz após o nosso Mestre e Senhor, seremos também transfigurados, deste corpo mortal num corpo glorioso e imperecível.