Saiba porque a Revolução Francesa desagrada imensamente o Coração Divino
As perseguições e o martírio enobreceram a recusa dos princípios revolucionários pelos devotos do Sagrado Coração.
Não é pois de admirar que durante todo o século XIX, com repercussões no século XX, a devoção ao devotos do Sagrado Coração tenha sido um símbolo da oposição à Revolução.
A oposição ao espírito da Revolução impeliu muitíssimos ao heroísmo cristão, sob a bandeira do Coração de Jesus.
Em outros, mesmo antes da Revolução Francesa, o serviço ao devotos do Sagrado Coração fez mais: levou ainda mais alto, à santidade.
Depois da revolução protestante (1517), uma segunda grande explosão do processo revolucionário, preparada com longa antecedência, desencadeou a partir de 1789 na França uma série de transformações políticas, sociais e religiosas que inauguraram a era contemporânea.
No conjunto das suas vertentes moderadas e radicais, difundiu ideias republicanas pelo mundo inteiro, derrubou monarquias milenares na Europa e abriu o caminho para a Revolução Comunista de 1917.
Os elementos mais radicais da devotos do Sagrado Coração estavam concentrados na facção jacobina.
Segundo a utopia que os guiava, havia sobre os franceses dois jugos insuportáveis: o da superstição, representada pela Religião Católica; e o da tirania, constituída pelo governo monárquico.
Com fervor “humanitário”, levantaram-se os “amigos do povo” para dissipar as trevas da “superstição” eclesiástica e quebrar os grilhões da “tirania” real.
A intenção aparente seria, no final do processo, era devolver o poder ao povo, tornando-o seu único detentor.
Se algum ingênuo imagina que era essa a intenção, o mínimo que esse mesmo ingênuo pode constatar é que o objetivo real era a evidente tirania que se implantou em todo o mundo.
A Revolução Francesa, inflada do espírito igualitário que não admite qualquer forma de desigualdade, e encharcada de sensualidade que recusa qualquer freio às paixões, se levantou contra o Antigo Regime.
Uma ordem social hierárquica e austera em muitos de seus aspectos.
Deixando atrás de si uma montanha de ruínas e um mar de sangue, os revolucionários moderados e radicais derrubaram instituições e costumes milenares, que haviam feito da antiga França o país de todas as perfeições, objeto da admiração do mundo inteiro.
Minoria revolucionária impôs a ideologia anticristã
No Antigo Regime brilhavam ainda, e com muito fulgor, os melhores traços da cultura e do espírito francês: um esplendor na vida social, que bem se exprimia pela tríplice locução verbal saber dizer, saber agradar, saber fazer.
Bem vivos e dinâmicos eram também os princípios básicos da civilização cristã — a tradição, a família e a propriedade — dando consistência e elevação ao corpo social.
Mas a inveja revolucionária via nessa consistência e nessa elevação uma forma de exploração das classes modestas.
Para libertá-las, a solução seria derrubar o altar e o trono: Nem Deus, nem senhor, segundo a formulação que servirá de base às agitações de maio de 1968 da Sorbonne.
A democracia instaurada na sequência da Revolução Francesa — o governo do povo pelo povo — contaminou praticamente todas as nações.
Mas o resultado evidente é que as transformou em tremendas tiranias das minorias (auto-qualificadas como esclarecidas, avançadas, progressistas) sobre a maioria (pejorativamente rotulada de obtusa, retrógrada, conservadora).
E não precisamos ir longe para colecionar exemplos. Já foi assim na própria fonte dessa revolução, que Augustin Cochin descreve como:
“um movimento realizado por cerca de 200 mil agentes para mudar radicalmente o modo de vida de 25 milhões de franceses.
Os revolucionários constituíam 0,8% da população francesa, mas impuseram sua ideologia anticristã à imensa maioria de seus compatriotas.”
Não conheceu a doçura de viver, quem não viveu antes de 1789 — portanto, antes da Revolução Francesa.
A afirmação é do célebre diplomata francês Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord (1754-1838).
A doçura de viver à qual Talleyrand se refere, não era apenas a felicidade terrena de que a população francesa desfrutava, mas também uma alegria de viver e bênção espiritual, remanescentes da Cristandade medieval, sacral e hierárquica, toda voltada para Deus e para tudo o que havia de mais elevado.
A Revolução Francesa destruiu essa alegria de viver que impregnava todas as classes sociais.
Ela, desde o início, espalhou promessas de liberdade anárquica, igualitarismo injusto, fraternidade hipócrita.
Enquanto isso, guilhotinava cabeças, sobretudo da nobreza e aristocracia, massacrava o clero e o povo que regiam contra a Revolução, atacava virulentamente a Igreja Católica.
Assim conturbou completamente a ordem social, sem conceder nunca as benesses que prometia.
E como seria possível consegui-lo, sem respeitar as desigualdades sacrais estabelecidas por Deus na sociedade, sem as bênçãos que só se obtêm pela fidelidade à Fé católica?
Igualmente não nos satisfazem as interpretações “politicamente corretas” que nos impõem, sobre aquele que foi um dos mais sanguinários e injustos acontecimentos da História.
A situação religiosa da França depois da Revolução
No prólogo de sua completíssima biografia de Santo Afonso de Ligório o erudito historiador e hagiógrafo francês Padre Berthe debuxa em rápidos traços a situação religiosa na França no início do século XX.
Escrevendo em 1906, referindo-se aos nefastos efeitos da diabólica Revolução Francesa:
“Já faz 100 anos que a Revolução ataca a Igreja de Deus com um furor sempre crescente.”
Acrescenta, “Atualmente ela derruba a golpes de machado todas as instituições cristãs: laiciza a família, a escola, o hospital, a caserna, o cemitério e até a rua, proibida doravante ao Deus feito homem”.
É o que sucede também em nossos dias quando, para adaptar a Igreja ao “espírito do mundo”, se leva tudo de roldão, provocando o desfazimento da vida de família com a avalanche homossexual, a teoria de gênero, o aborto etc., tendo como consequência, sobretudo, a terrível crise que devasta a Santa Igreja.
Fonte: Abim
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