As lições espirituais do Batismo de Nosso Senhor. Conheça!
Depois de ter passado largos anos retirado em Nazaré, Nosso Senhor, antes de começar o Seu ministério apostólico, encaminhou-Se para as margens do Jordão, onde recebeu o batismo de São João.
Meditaremos este tocante mistério, e dele receberemos:
1.° Uma lição de humildade;
2.° Uma lição de zelo pela nossa perfeição.
— Tomaremos depois a resolução:
1.° De tratarmos sempre o próximo com atenção e de humilharmo-nos voluntariamente para o honrar;
2.º De prosseguirmos sem descanso na obra da nossa santificação como o negócio capital da vida.
O Batismo de Jesus é uma lição de Humildade
Com efeito, pode haver mais profunda humilhação, o Santo dos santos confundido com os pecadores, o Filho de Deus aos pés de um homem, e recorrendo ao seu ministério como se tivesse tido necessidade de ser purificado!
João obedece com um profundo encanto; o grande Deus do céu humilha-Se debaixo da mão do Seu servo, e recebe dele o batismo de penitência.
Admiremos esta disputa de humildade.
Nem João se ensoberbece com a honra que lhe é feita, nem Jesus inveja a confiança dos numerosos discípulos que cercam João: ambos vivem em perfeita harmonia, dando um ao outro testemunhos honrosos; nunca disputam, a não ser sobre quem cederá e se humilhará mais.
Convém que Ele cresça, diz São João, e que eu diminua, que eu me aniquile, e que só Ele apareça.
Ó admirável humildade de São João e de Jesus, que nos ensina a não nos antepormos aos outros, a elogia-los voluntariamente, ainda quando fizessem menos bem do que nós, a respeitar os nossos competidores, a ser sempre atenciosos com eles, a esconder-nos nas ocasiões ostentosas, e a ceder a glória disso aos outros?
São estas as nossas disposições?
O Batismo de Jesus é uma lição de zelo pela nossa Santificação
1.° Jesus, a santidade em pessoa, quer, antes de começar a Sua missão, purificar-Se ainda, aos olhos da criatura, com o batismo de São João, para nos ensinar que nunca devemos julgar-nos bastantemente puros;
Que sujeitos a fragilidades quotidianas, nunca devemos desprezar meio algum de nos purificarmos mais.
Nós não vemos sempre as nossas misérias, mas nem por isso são menos deploráveis: ora são intenções indiretas, boas talvez ao princípio, mas que degeneram durante a ação;
ora são repetições de amor-próprio, afetações de vaidade, impaciências com uns, indulgência excessiva com outros;
Oh! Quão grande necessidade temos de purificar-nos sempre mais pela confissão frequente, pelo exame geral e particular, por conversações assíduas com Deus!
Ouvir Jesus Cristo, esta palavra diz tudo: ouvi-lO, não só no Seu Evangelho, na Sua doutrina e nos Seus exemplos; mas também ouvi-lO quando nos fala pela Sua graça, e deixarmo-nos guiar pelas Suas santas inspirações.
Consiste nisto o segredo da perfeição.
Desgraçada da alma muito distraída para O ouvir, muita frouxa para Lhe obedecer, bastantemente escrava de si própria para se deixar arrebatar pelo gosto e prazer, pelo amor do século e do seu bem-estar, pelos caprichos do orgulho e da vida sensual!
Mas ditosa da alma atenta em ouvi-lO interiormente e com um espírito de meditação e de oração, generosa em obedecer-Lhe!
Se persiste na Sua obediência, fará na perfeição rápidos progressos.
(HAMON, Monsenhor André Jean Marie. Meditações para todos os dias do ano: Para uso dos Sacerdotes, Religiosos e dos Fiéis. Livraria Chardron, de Lélo & Irmão – Porto, 1904, Tomo I, p. 306-309)
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