.
O inimigo serve-se da tristeza para tentar os bons até em suas boas obras;
Como se esforça para levar os maus a se alegrarem de suas más ações; e como ela não pode nos seduzir ao mal senão fazendo-o parecer agradável, assim também não nos pode apartar do bem senão fazendo-o parecer incômodo.
Pode-se dizer que, sendo ele mesmo acabrunhado duma tristeza desesperadora por toda a eternidade, quer que todos os homens sejam tristes como ele.
A má tristeza perturba a alma, inquieta-a, inspira temores desregrados, tira o gosto da oração, traz ao espírito uma sonolência de morte, impede-a de tirar proveito dos bons conselhos, de tomar resoluções e de ter o ânimo e a força de fazer qualquer coisa.
Numa palavra ela produz nas almas as mesmas impressões que o frio excessivo nos corpos, que se tornam hirtos e incapazes de se mover.
Se fores algum dia, Filotéia, acabrunhada por essa má tristeza , lembra-te destas regras: Se alguém de vós está triste, diz S. Tiago, pois que ele reze.
E, com efeito, a oração é um remédio salutar contra a tristeza, porque eleva nosso espírito a Deus, que é nossa alegria e consolação.
Emprega em tuas orações estas palavras e afetos que inspiram maior confiança em Deus e seu amor:
Ó Deus de misericórdia! Ó Deus infinitamente bom! Meu benigníssimo Salvador! Ó Deus do meu coração, minha alegria e minha esperança! Ó caro esposo de minha alma! Ó Dileto do meu coração!
.
.
Fonte: Da “Filoteia” de São Francisco de Sales