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O orgulho é esse maldito pecado que expulsou os anjos do paraíso e os precipitou no inferno. Esse pecado começou com o mundo.
Peca-se por orgulho de diferentes maneiras. Uma pessoa terá orgulho no traje, na linguagem, na postura, até no modo de andar.
Há pessoas que, quando estão na rua, andam com ufania e parecem dizer ao mundo que as vê: “Vejam como eu sou grande, como sou empertigado e sei andar bem!”.
Outras, que, quando fazem algum bem nunca acabam de contá-lo, e, se deixam de fazê-lo, ficam desoladas, pensando que vão ter má opinião delas…
Outras que se incomodam muito de estar com pobres quando encontram pessoas conhecidas; procuram sempre a companhia de ricos.
Se por acaso, são recebidas pelos grandes do mundo, gabam-se, tiram disso vaidade.
Há outras que têm orgulho falando: examinam o que vão dizer esforçam-se na boa linguagem, e, se lhes não ocorre uma palavra, ficam muito aborrecidas, por terem medo de que debiquem delas.
Ah! Meus filhos, uma pessoa humilde não é isso… Quer zombem dela, quer a estimem, quer a desprezem, quer lhe prestem atenção, quer a deixem de lado, para ela é a mesma coisa.
Reparai, se quiserdes conhecer quando uma pessoa é orgulhosa, escutai-a falar: será sempre ela quem terá a palavra;
Ela só falará de si; terá sempre feito melhor que os outros; só ela é que faz bem; censura todas as ações dos outros, esperando deste modo salientar as suas.
Há ainda pessoas que fazem grandes esmolas para se fazerem estimar: isso não!… Essas pessoas não tirarão fruto algum das suas boas obras. Ao contrário, as suas esmolas se tornarão pecado.
Nós pomos o orgulho em toda parte, como o sal. Gostamos de ver as nossas boas obras conhecidas. Se prestam atenção à vossa virtude, ficamos alegres: se percebem os nossos defeitos, ficamos tristes.
Noto isto em grande número de pessoas; se lhes dizem alguma coisa, isso as inquieta, aborrece-as.
Os santos não eram assim; afligiam-se se as suas virtudes eram conhecidas, e ficavam contentes de que vissem a sua imperfeição.
Uma pessoa orgulhosa julga que tudo o que ela faz é bem feito; quer dominar sobre todos quantos tratam com ela; tem sempre razão; julga sempre o seu sentir melhor que o dos outros…
Não é isto! Uma pessoa humilde e instruída, se lhe perguntam o seu sentir, diz muito simplesmente, depois de deixar falar os outros. Quer eles tenham razão, quer não, ela não diz mais nada.
S. Luís Gonzaga, quando era menino de escola e lhe censuravam alguma coisa, nunca procurava desculpar-se; dizia o que pensava, e não se incomodava mais com o que pensavam os outros.
Se estava errado, estava errado; se tinha razão, dizia a si: “Estive errado outras vezes”.
Os santos eram tão desapegados de si mesmos, que pouco se lhes dava que os outros fossem da sua opinião. Dizem: “Oh! os santos eram simples!”
Sim, eles eram simples para as coisas do mundo; mas para as coisas de Deus, eram bem entendidos. As preocupações mundanas lhes pareciam de tão pouca importância que eles não lhes davam atenção.
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Fonte: Do livro: Espírito do Cura D’Ars de Abbé A. monnin.
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