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“O homem irá à casa de sua eternidade” (Ecles. 12, 5)
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Erramos chamando nossa a casa na qual presentemente habitamos.
Em breve, a casa do nosso corpo será uma cova, onde ficará até o dia do juízo; e a casa da nossa alma será o céu ou o inferno, e ali terá de ficar durante toda a eternidade.
À sepultura os cadáveres não vão por si mesmos, vão levados por outros; mas a alma irá por si mesma ao lugar que lhe caberá, ou de gozo eterno ou de eterno sofrimento.
O homem irá à casa de sua eternidade.
Conforme o homem pratica o bem ou o mal, dirige-se à casa do paraíso ou do inferno, e destas casas não se muda mais para outra.
Os moradores da terra costumam muitas vezes mudar de casa, ou por capricho ou por terem sido desalojados.
Na eternidade não há mais mudança; ficar-se-á eternamente na qual se entrou primeiro:
“Se a árvore cair para a parte do meio-dia, ou para a do norte, em qualquer lugar onde cair, aí ficará”.
Quem entrar no céu, será eternamente feliz; quem cair no inferno será eternamente desgraçado.
Quem entrar no céu, estará para sempre unido a Deus, para sempre em companhia dos Santos, para sempre em suprema paz e pleno contentamento;
Porque todo Bem-aventurado estará repleto e saciado de gozo, sem recear jamais a sua perda.
Ao contrário, quem entrar no inferno, estará para sempre afastado de Deus, para sempre ardendo no fogo no meio dos réprobos.
Nem imaginemos que os sofrimentos do inferno são como os da terra, cujo rigor se sente menos pelo hábito.
Assim como as delícias do céu jamais causarão fastio, mas parecerão sempre novas, como se fossem gozadas da primeira vez;
Assim no inferno as penas nunca perderão o seu rigor.
De forma que os infelizes réprobos sofrerão duramente toda a eternidade o mesmo tormento que sofreram no primeiro instante da sua entrada no inferno.
(Continua…)
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Fonte: “Meditações para todos os dias e festas do ano” de Santo Afonso de Ligório.
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