São Luis Maria Grignon de Montfort
Continuação do post: Por que Nossa Senhora é tão necessária a todos? (Parte I)
Porque Maria é o “molde vivo” de Deus e dos Santos.
Maria é chamada por Sto. Agostinho, e é, com efeito, o molde vivo de Deus, forma Dei, o que quer dizer que foi nela somente que Deus feito homem foi formado ao natural, sem que lhe falte nenhum traço da Divindade.
É também somente nela que o homem pode ser formado em Deus ao natural, tanto quanto a natureza humana é disso capaz, pela graça de Jesus Cristo.
Um escultor pode fazer uma figura ou um retrato ao natural de duas maneiras: 1º) servindo-se de seu engenho, de sua fora, de sua ciência e dos instrumentos adequados para fazer essa figura de uma matéria dura e informe; 2º) pode lançá-lo numa forma.
A primeira é demorada e difícil, e sujeita a muitos acidentes: muitas vezes basta um golpe de cinzel ou de martelo mal dado para estragar toda a obra.
A segunda é rápida, fácil e suave, quase sem trabalho e sem esforço, contanto que o molde seja perfeito e reproduza o original, e que a matéria de que se serve, fácil de se manipular, não resista de maneira alguma à sua mão.
Molde perfeito em si mesmo, e que nos torna perfeitos em Jesus Cristo. Maria é o grande molde de Deus, feito pelo Espírito Santo, para formar ao natural um Homem-Deus pela união hipotética, e para formar um homem Deus
pela graça.
Não falta a este molde nenhum traço da divindade; quem quer que nele se deixe manejar, nele recebe todos os traços de Jesus Cristo, verdadeiro Deus, duma maneira suave, proporcionada à fraqueza humana, sem muito trabalho e agonia; duma maneira segura, sem temor de ilusão, pois o demônio nunca teve e jamais terá acesso até Maria, santa e imaculada, sem sombra da menor mancha de pecado.
De uma maneira pura e divina.
Ó! Alma querida, que diferença entre uma alma formada em Jesus Cristo pelos caminhos comuns dos que, como os escultores, se fiam na própria habilidade e se apoiam em seu engenho, e uma alma bem manejável, bem desligada, bem fundida, e a qual, sem nenhum apoio em si mesma, se lança em Maria, e aí se deixa manejar pela operação do Espírito Santo!
Quantas manchas, quantos defeitos, quantas trevas, quantas ilusões, quanto da natureza, quanto de humano na primeira alma;e como a outra é pura, divina e semelhante a Jesus Cristo!
Porque Maria é o Paraíso e o mundo de Deus.
Absolutamente não há nem haverá jamais criatura na qual Deus seja maior, fora de si mesmo, do que na divina Maria, sem excetuar nem mesmo os Bem-aventurados, os Querubins, os mais altos Serafins, no próprio Paraíso.
Maria é o Paraíso de Deus e o seu mundo inefável, no qual o Filho de Deus entrou para nele operar maravilhas, para guardá-lo e nele se comprazer.
Ele fez este mundo para o homem peregrino; fez um mundo para o homem bem-aventurado,
o Paraíso.
Fez, porém, um outro para si, a que deu o nome de Maria; mundo desconhecido de quase todos os mortais cá na terra, e incompreensível a todos os Anjos e Bem-aventurados, lá no céu, [e] que admirados de ver a Deus tão elevado e tão elevado e tão recuado de todos eles, tão separado e tão oculto em seu mundo, que é a divina Maria, exclamam dia e noite: Santo, Santo, Santo!
(Paraíso) Para no qual o Espírito Santo faz entrar nossa alma para aí encontrar
a Deus.
Feliz, mil vezes feliz a alma, aqui em baixo, à qual o Espírito Santo revela o segredo de Maria, para conhecê-lo; e à qual ele abre esse jardim fechado, para aí penetrar; esta fonte selada, para dela tirar e beber a grandes sorvos a água viva da graça!
Esta alma achará somente Deus, sem criatura, nesta admirável criatura; porém Deus ao mesmo tempo infinitamente santo e elevado, infinitamente condescendente e proporcionado à
fraqueza dela.
Desde que Deus está em toda parte, pode-se achar em toda parte, mesmo no inferno; porém não há lugar algum onde a criatura o possa achar mais próximo de si e mais proporcionado à sua fraqueza do que em Maria, pois que foi para isso que ele aí desceu.
Em todas as outras partes ele é o Pão dos fortes e dos Anjos; mas em Maria, ele é o Pão das crianças. Porque Maria, longe de ser um obstáculo, lança as almas em Deus e uni-as a Ele.
Que ninguém pense, com alguns falsos iluminados, que Maria, como criatura, seja um empecilho à união com o Criador; não é mais Maria que vive, é somente Jesus Cristo, é somente Deus que
vive nela.
Sua transformação em Deus ultrapassa mais ainda a de São Paulo e dos outros Santos, mais do que o Céu ultrapassa a terra em elevação.
Maria não é feita senão para Deus, e basta que Ela prenda uma alma a si própria, que, ao contrário logo a lança em Deus e a une a Ele com tanto maior perfeição quanto mais a alma se una a Ela:
Maria é o eco de Deus, que não responde senão Deus, quando se lhe grita: Maria; que não glorifica senão a Deus, quando com Santa Isabel, a chamamos bem-aventurada.
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Fonte: extraído do livro “O Segredo de Maria” de S. Luís Maria Grignon de Montfort.
Uma resposta
O texto está complexo pra minha compreensão, talvez se fosse colocado de uma forma simples. A Bíblia sempre foi um desafio, sozinha não consigo compreender.