Continuação do post: “A flor do Carmelo de Belém” – Conheça a fascinante história da Beata Maria de Jesus Crucificado (Parte I)
A Recepção de Mariam no Carmelo de Pau:
É recebida em Junho de 1867. Ali, no meio de todas as provas que terá de atravessar, encontrará sempre o amor e a compreensão. Ingressa de novo no noviciado, donde recebe o nome de Irmã Maria de Jesus Crucificado.
Insiste em ser admitida como ‘irmã conversa’, pois gosta mais do serviço aos outros, tendo por outro lado dificuldades de leitura, nomeadamente na recitação do Oficio Divino. Sua simplicidade e sua generosidade conquistam os corações de todos.
Suas palavras proferidas depois de um êxtase são o fruto de sua vida:
“Onde está a caridade ali também está Deus. Se pensais em fazer o bem a vosso irmão, Deus pensará em vós. Se cavais um poço para vosso irmão, caíreis nele; o poço será para vós. Mas, se fazeis um céu para vosso irmão, esse céu será para vós…”.
Dom da profecia, ataques do demônio ou êxtases… entre todas as graças divinas das quais está colmada, ela sabe, de maneira muito profunda, ser ‘nada’ diante de Deus, e quando fala dela mesma se chama “o pequeno nada”, é realmente a expressão profunda de seu ser.
É o que a faz penetrar a insondável profundidade da misericórdia divina onde ela encontra a sua alegria, suas delicias e a sua vida…
“A humildade é feliz de ser nada, ela não se apega a nada, ela não se cansa nunca de nada. Está contente, é feliz, donde quer que esteja é feliz, está satisfeita com tudo… Felizes os pequenos!”.
Ali está a fonte de seu abandono entre graças mais estranhas e os acontecimentos humanos
mais desconcertantes.
A fundação do Carmelo de Mangalore na Índia
Após 3 anos, em 1870, parte com um pequeno grupo de irmãs para fundar o primeiro mosteiro de carmelitas na Índia, em Mangalore. A viagem de barco foi uma aventura e três religiosas morrem antes de chegarem.
De todos modos, são enviados reforços, e em finais de 1870 pode-se iniciar a vida claustral. Suas experiências extraordinárias continuam sem impedir-lhe a realização dos trabalhos mais pesados e de dar atenção aos problemas inerentes a uma nova fundação.
Durante seus êxtases, as irmãs às vezes podiam ver seu rosto resplandecente na cozinha ou noutro local.
Participa em espírito nos acontecimentos da igreja, por exemplo, nas perseguições na China e também parece ser possuída exteriormente pelo demónio, fazendo-lhe viver terríveis tormentos e combates.
Foi o começo de muitas incompreensões na sua comunidade, onde duvidaram da autenticidade do que ela vivia. Não obstante, pôde emitir seus votos no final do noviciado a 21 de Novembro de 1871; mas as tensões criadas em seu redor acabaram por provocar o seu regresso ao Carmelo de Pau em 1872.
O regresso ao Carmelo de Pau
Naquele lugar leva de novo a sua vida simples de ‘irmã conversa’ no meio do carinho de suas irmãs, e sua alma dilata-se. Durante alguns êxtases, ela que é quase analfabeta, profere repentinamente em exultação de gratidão até Deus, poesias duma grande beleza, cheias de encanto e candor oriental, onde a criação inteira canta ao seu Criador.
Pelo ímpeto de sua alma até Deus, ela elevar-se-á até ao cima de um árvore sobre uma rama que não suportaria nem sequer uma pequenina ave. “Todo o mundo dorme. E Deus, tão repleto de bondade, tão grande, tão digno de louvores, é esquecido! Ninguém pensa Nele!
Vede, toda a natureza O louva, o céu, as estrelas, as árvores, as ervas, tudo O louva; o homem, que conhece os seus benefícios, que deveria louvá-Lo, dorme!… Vamos, vamos despertar o universo!”
São numerosos os que procuram Mariam para consolo, conselhos, para que reze pelas suas intenções, partem iluminados e fortificados com este encontro.
A fundação do Carmelo de Belém
Pouco depois de seu regresso de Mangalore, ela começa a falar da fundação de um Carmelo em Belém. Os obstáculos são numerosos, mas dissipam-se progressivamente, incluso de maneira inesperada. Por fim a autorização é dada por Roma e a 20 de Agosto de 1875 um pequeno grupo de carmelitas embarca para esta aventura.
O Senhor mesmo guia Mariam na escolha do local e na forma de construção de novo Carmelo. Como ela é a única que fala árabe, encarrega-se particularmente de seguir os trabalhos, “imersa na areia e na cal”. A comunidade instalar-se-á no dia 21 de Novembro de 1876, enquanto que certos trabalhos continuam.
Prepara também a fundação de um Carmelo em Nazaré, viajando até lá para comprar o terreno, em Agosto de 1878.
Durante essa viagem é lhe revelado por Deus o lugar de Emaús. Ela pede a ajuda de Berthe Dartigaux (uma benfeitora de grande riqueza) para comprá-lo para o Carmelo.
De volta a Belém, retoma a vigilância dos trabalhos debaixo de um calor sufocante. Quando leva algo para beber aos trabalhadores, Mariam cai de uma escada e parte um braço.
A gangrena vai avançar muito rapidamente e morre poucos dias depois, a 26 de agosto de 1878, aos 32 anos.
Espírito Santo
Espírito Santo, inspirai-me.
Amor de Deus, consumi-me.
Ao verdadeiro caminho, conduz-me.
Maria, Minha Mãe, olhai por mim,
Com Jesus, bendiga-me;
De todo mal, de toda a ilusão,
De todo o perigo, protege-me.
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